O Governo de Rondônia apresentou ao comitê de crise hídrica dados alarmantes sobre o plantio em larga escala, especialmente soja e milho, nas lavouras do estado. Segundo as previsões da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril (Idaron), a produção total das duas culturas deve ter uma queda de aproximadamente 60% em relação à área plantada. Esse declínio é resultado do intenso "estresse hídrico" e das altas temperaturas que afetam a região Norte, causando uma redução na produtividade e limitando as janelas de cultivo.
Ao analisar as culturas separadamente, observa-se um cenário mais desafiador para o milho. Devido às mudanças nas janelas de cultivo causadas pelo fenômeno "El Niño", os produtores na região do Cone Sul do estado terão apenas cinco meses para as duas safras, enquanto no restante do estado serão apenas quatro meses, tornando impossível o plantio da segunda safra.
Diante dessa previsão, a maioria dos produtores, respaldada pelas pesquisas que corroboram o relatório da Idaron, optou por cultivar a safra de soja, considerando o menor risco em comparação ao milho. Portanto, não há espaço para o plantio de milho no estado. A Idaron prevê uma queda de aproximadamente 90% na área plantada de milho na safra 2023/2024, indicando que o desequilíbrio climático praticamente dizimou a safra de milho em Rondônia.
Mesmo com o plantio de soja, as perdas são significativas. As projeções da Idaron apontam uma redução de aproximadamente 35% na produção total do estado. O volume de chuvas, considerado normal para o ano, ficou muito aquém do esperado, resultando também em uma diminuição na produtividade das lavouras.
A Idaron registrou casos em que foi necessário replantar sementes devido ao forte "estresse hídrico", e em situações em que os produtores arriscaram não replantar, a quebra na produtividade chegou a 70%, resultando em apenas 16 sacas por hectare colhidas. Comparando com a safra anterior, o cenário desta safra evidencia o impacto significativo causado pelo desequilíbrio climático em Rondônia.
Em setembro deste ano, durante o 12º levantamento da safra de grãos realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), foi registrado um recorde na produção de arroz, milho, soja e algodão. O relatório indicava um crescimento de 18% na área plantada e chuvas prolongadas como fatores preponderantes para o aumento da produção. Naquele período, o milho registrou uma safra de 1.572,4 mil toneladas, enquanto a soja alcançou 2.036,7 mil toneladas.
