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FIM DAS BUSCAS

Suspeito confessou assassinato de Bruno e Dom, diz superintendente da PF

Amarildo Oliveira, o ‘Pelado’, levou autoridades ao local onde corpos foram enterrados, segundo Eduardo Fontes; restos mortais estão sendo periciados

Publicado em 15/06/2022 às 21:21

(Foto: Daniel Marenco/O Globo e Reprodução Twitter/domphillips)

A Polícia Federal afirmou nesta quarta-feira, 15, que Amarildo Oliveira, conhecido como “Pelado”, confessou que o jornalista inglês Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira foram assassinados no Vale do Javari no dia 5 deste mês. “Pelado” está preso provisoriamente por suspeita de participação no crime.

“Ontem (terça-feira, 14) à noite nós conseguimos que o primeiro preso neste caso, conhecido por Pelado, voluntariamente resolveu confessar a prática criminosa. Durante a confissão, ele narra com detalhes o crime realizado e aponta o local onde havia enterrado os corpos”, afirmou Eduardo Alexandre Fontes, superintendente regional da PF em coletiva de imprensa.

Segundo o superintendente, a PF levou Pelado e Oseney da Costa de Oliveira, também suspeito de envolvimento no crime, para a área de buscas no rio Itaquaí, onde foram encontrados partes de corpos, classificados pela investigação como “remanescentes humanos”.

Uma das hipóteses sob investigação é que os corpos teriam sido esquartejados e carbonizados antes de serem enterrados.

Conforme relato do delegado federal, o pescador admitiu que Bruno e Dom foram abordados no trajeto de barco entre a comunidade de São Rafael e o município de Atalaia do Norte. Ainda estão sendo feitas escavações no local.

“Foi um embate, a principio ele (Amarildo) alega que (a morte) foi com arma de fogo, mas temos que aguardar a perícia porque ela que vai dizer, identificar qual foi a causa da morte, as circunstancias e a motivação.”

Também foi encontrado o barco usado por Bruno Pereira e Dom Phillips, que foi afundado com sacos de areia.

“Nós não descartamos a hipótese de outras pessoas estarem envolvidas. Temos muito o que fazer no inquérito para coletar seguramente provas de autoria e materialidade”, afirmou o Delegado da Polícia Civil, Guilherme Torres.

Os novos materiais descobertos e vestígios humanos coletados próximos ao local na sexta-feira, 10, estão sendo periciados para a confirmação de que seriam da dupla. A análise é feita a partir de materiais genéticos fornecidos pelas famílias de Pereira e Phillips.

“(Temos) O depoimento, a confissão do preso, levando até uma área distante, onde os corpos seriam encontrados, onde foram enterrados. Agora, tecnicamente, preciso de reconhecimento de familiares, de um exame de DNA para poder dizer e para ter a conclusão do inquérito e o resultado do material encontrado na embarcação. Mas temos a confissão de testemunhas, o corpo encontrado, então é mais um elemento de prova”, disse Torres ao Estadão.

O assessor jurídico da Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Yura Marubo, disse que a perda é irreparável para os povos indígenas. “Nós estamos em uma consternação pela morte. Bruno era um dos maiores especialistas em povos isolados do Brasil. É um sentimento de perda, impotência. O trabalho contra o crime organizado falhou neste momento. O trabalho do Bruno foi feito apenas com coragem, não com o aparato necessário”, afirmou.

Investigação

Na terça-feira, 14, a PF também prendeu Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos” que vive perto do local onde a mochila do repórter foi encontrada. Os investigadores já tratavam o caso como suposto homicídio. O pescador foi o segundo preso de envolvimento no desaparecimento da dupla detido temporariamente. Ele é irmão de Amarildo da Costa Oliveira, o primeiro preso pela PF na investigação. Testemunhas relataram aos policiais federais que os dois saíram de barco em alta velocidade atrás de Bruno e Dom no dia do desaparecimento.

Pereira e Phillips percorriam a região do Vale do Javari. Pereira orientava moradores da região a denunciar irregularidades cometidas em reserva indígena e o jornalista estrangeiro acompanhava o trabalho para registrar em livro que pretendia escrever.

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