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Impactado, setor imobiliário projeta um cenário positivo para os próximos meses

Empresários do mercado imobiliário de Porto Velho começam a retomar a confiança no setor

Publicado em 31/07/2020 às 20:00
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(Foto: Canva)

Um dos setores comerciais mais lucrativos do país, o mercado imobiliário, está enquadrado entre os segmentos econômicos mais impactados pela pandemia do novo coronavírus (covid19). Algumas corretoras de imóveis calculam a retração na carteira de clientes entre 20% à 30%. A pandemia também levou o consumidor a mudar o comportamento, a depender do poder aquisitivo, alguns clientes chegam a procurar por imóveis com maior espaçamento com objetivo de conseguir estabelecer o distanciamento social e, ao mesmo tempo, procurar maior conforto e qualidade de vida para a família. 

Tanto o mercado para locação, como para os de compras e vendas, o setor imobiliário tem se comportado de forma distinta, se comparado aos meses antecessores à pandemia. Em uma cidade como Porto Velho, capital de Rondônia, que concentra cerca meio milhão de habitantes, o que corresponde a aproximadamente 40% da população de todo o Estado, o setor imobiliário foi fortemente afetado pela pandemia nos primeiros 60 dias da quarentena. Entretanto, os empresários do ramo começam a retomar a confiança em virtude da reabertura do comércio e também pelas medidas econômicas implantadas pelo governo federal, entre elas a renegociação bancária habitacional pela Caixa Econômica Federal que suspendeu os pagamentos por até 180 dias.


Atuando com negociações imobiliárias há mais de 25 anos, o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Porto Velho (ACEP), Cézar Zoghbi, deslumbra um cenário positivo para o setor nos próximos meses e acredita que o pior momento tenha ficado no passado. “O governo tem resgatado as políticas para proteger a iniciativa privada, o patrimônio e o fluxo das empresas. O governo é só um gestor de recursos oriundos de taxas e impostos da iniciativa privada. Governo rico, iniciativa privada rica; Governo pobre, iniciativa privada pobre, ou vice-versa. O Governo só administra os impostos porque não tem geração de emprego e de renda em um ambiente favorável para empreender, e por isso esse país fica na mão de gerir pouquíssimos recursos e muita pobreza. De fato, a equipe econômica vem tomando medidas muito positivas para os segmentos do setor da construção civil e imobiliário, a gente já vive um momento e um cenário interessante”, avalia.

Se os empresários deste setor projetam um cenário otimista, quem atua diretamente com o mercado varejista e depende da locação de imóveis comerciais demonstra preocupação, conforme analisa a presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Porto Velho (CDL), Joana Joanora. 

“O micro e pequeno empresário não tinha o capital de giro, eles compravam, vendiam e pagavam. Quando chegou agora, na hora em que precisou mesmo do capital de giro para ele poder se assegurar, ninguém conseguiu porque é impossível se manter durante 120 dias fechado. Não tem condições e, além disso, desses empreendedores, 80% possui o ponto alugado. Então, muitos não tinham como pagar o aluguel, agora ficou ruim. Mas graças a Deus, eles estão dando o jeito deles. Fechou muita loja nas Avenidas 7 de Setembro, na Carlos Gomes e na Jatuarana. Tem lugares que o aluguel de cinco ou seis mil está em custando em torno de 1.500 reais. Em outros pontos, antes chegava a 8 mil e agora saltou para 2 mil reais, como pude ver na Avenida Jatuarana. Tem gente que está vendendo os expositores, alguns estão abrindo em Candeias do Jamari para escapar da crise”, comenta.

Para o empresário Cézar Zoghbi, a queda no preço do aluguel de alguns imóveis, a maioria localizada em pontos comerciais, tem uma explicação. “Alguns casos muito específicos de comércio que tiveram as portas fechadas houve redução dessa ordem sim, mas é mais uma redução temporária em razão da covid. Não se engane do tipo ‘ah o aluguel vai ficar assim?’, claro que não porque se o ponto antes tinha potencial para seis mil e agora baixou, foi porque o proprietário está sendo solidário com o seu inquilino. Então é melhor você reduzir naquele período porque alguns contratos podem ter reduzido agora, mas a diferença pode ser jogada no contrato posteriormente. Alguns, inclusive, tiveram carência dada pelos proprietários dos imóveis”, alerta o presidente da ACEP que ainda reforça, “essa redução é na ordem de 15 a 20%. Todas as negociações, dependendo do imóvel e da localização, houve uma redução sim nesse período de covid. Em geral o proprietário não aceita reduzir o valor do imóvel, mas em via de regra aqueles que estavam com ‘gordurinha’ reduziu de 10, 15 ou 20% e em casos muito especiais em 30%, mas você deve analisar caso a caso. Não dá nunca para generalizar”, afirma.


A inexistência de um instituto ou pesquisas que façam estudos detalhados sobre as transações imobiliárias por área na capital impossibilita com que haja uma precisão nas informações, como por exemplo, detectar quais os bairros que sofreram maior redução no valor dos imóveis, ou até mesmo as áreas que tiveram maior valorização durante a pandemia. Baseado na carteira de clientes e utilizando como amostragem, o agente imobiliário acrescenta algumas características que podem delinear determinadas conclusões. “Imóveis comerciais da Zona Sul tem uma vacância diferenciada dos imóveis comerciais da Zona Leste e adjacências e ainda são diferentes do entorno do shopping como é o caso do Conjunto 4 de Janeiro que, por sua vez, se distingue dos imóveis localizados das Avenidas Calama ou Abunã, e que são diferentes das propriedades situadas nas Avenidas Jorge Teixeira e Carlos Gomes”, explica o empresário.

“O mercado imobiliário envolve muitos elementos que incidem diretamente no valor do imóvel para venda que é um cenário e ao mesmo tempo um segmento. As vendas estão mais lentas e teve muita redução daquilo que estava com ‘gordura’ e isso tem ocorrido porque o pessoal não baixou. Quem quer fazer negócio está tendo que se adaptar a propostas menores e de toda forma o proprietário não está sendo obrigado a aceitar, mas está havendo negociações”, completa Cézar Zoghbi.

E por fim, o empresário acredita que mesmo com o distanciamento social, a procura por imóveis em Porto Velho é contínua. Entre os fatores apontados para movimentar as transações imobiliárias estão: a localização de órgãos públicos federais, estaduais e municipais que atraem candidatos aprovados em concursos públicos; a localização de várias instituições de ensino superior, sobretudo, aquelas que ofertam os cursos de medicina e direito que são os mais procurados e tem atraído estudantes de todo país; e ainda o poder de compra dos servidores públicos que receosos para viajar durante a pandemia tem decidido investir na compra de imóveis. Até o perfil do consumidor está mudando por conta da pandemia.

“Esse comportamento das pessoas que tem condições para adaptar o seu lar e ter o espaço reservado para que possa construir o famoso home office e com a infraestrutura está sendo muito debatido e questionado. Pessoas com poder aquisitivo e que moram em apartamentos tem cogitado isso e vejo na minha rede de relacionamento a possibilidade de ir para casas para que o sujeito tenha uma piscina só sua, para que tenha um espaço gourmet, uma churrasqueira ou uma área de lazer privativa onde possa de fato gozar de uma vida em segurança com a sua família e amigos”, finaliza Zoghbi.

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